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domingo, 18 de novembro de 2012

Taekwondo Arte Marcial ou Esporte Olímpico?




Hoje pensei em escrever sobre algo pouco comentado nas academias que frequentei, mas bastante discutido entre alunos mais graduados. O Taekwondo é uma arte marcial coreana que utiliza 70% das pernas e 30% das mãos e braços. Infelizmente, essa nova geração de lutadores, ou melhor, atletas, não sabem disso, acreditam que o Taekwondo usa 90% das pernas e 10% dos braços.

Essas pessoas que pensam assim não estão completamente erradas. Elas se baseiam na prática do Taekwondo hoje no Brasil e no mundo.

Essa transformação do Taekwondo Marcial para o Taekwondo como esporte olímpico trouxe vários benefícios a nossa arte, mas infelizmente com isso, trouxe também uma visão menos marcial e mais esportiva do Taekwondo o que, em opinião pessoal, não acho muito benéfico.


É bem verdade que graças a essa transformação do Taekwondo, houve uma difusão da arte muito maior do que anteriormente, mas com isso formou-se muitos atletas e uma classe está quase extinta. Os LUTADORES, os Artistas Marciais.

Não estou com isso, desmerecendo os atletas que nos representam nas competições. Jamais faria isso. Acho extremamente importante essa difusão do nossa arte marcial, mas gostaria que houvesse uma valorização ainda maior das nossas origens marciais.

Precisamos resgatar a marcialidade do Taekwondo para que o mesmo seja respeitado como Arte Marcial Milenar Coreana e não apenas como esporte olímpico.

Acabei de ler em um site de uma academia de artes marciais, que o Taekwondo não é uma arte marcial violenta.

Bom! Aí depende muito do ponto de vista de cada um. Se violência são socos e pontapés sem medidas e sem técnica nenhuma, realmente, o Taekwondo não é violento. Mas se entendermos que um aluno de Taekwondo precisará realizar lutas no Dojan, treinamentos onde o suor é uma das primícias, e que contusões acontecem em lutas e esportes de contato direto, aí sim o Taekwondo se torna uma arte violenta.

Não quero assustar ninguém. Esse não é o meu objetivo. Mas é necessário entender que um aluno de Taekwondo quando entra numa academia para começar a treinar, ele vai ser submetido a treinamentos onde existe sim possibilidade de contusões, pois estamos numa arte marcial onde o contato físico é quase que inevitável.

Assista os dois próximos vídeos e reflita no que é REALMENTE o Taekwondo!



É possível essa Arte Marcial não ser letal?

10 comentários:

  1. Eu andei vendo vendo alguns vídeos ultimante que mostram as técnicas de punho do Taekwondo e estou curtindo demais esse lado. Hoje eu valorizo mais esse lado arrte marcial, mas assumo que em uma época só pensava na competição. Acho que são fases do praticante e acho que é importante dosar e amadurecer o Taekwondo de cada um.

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    1. Ao ser apresentado nas Olimpíadas de Sidney na Austrália, no ano de 2000, a modalidade se tornaria aos olhos da imprensa mundial, não mais uma arte marcial, e sim um esporte regrado a chutes rápidos desferidos com altíssima velocidade e força na altura do tronco, buscando a consignação de um único ponto. Os chutes rodados (de enorme apuro técnico) visando o contra-ataque, foram ficando menos requisitados nas competições de alto nível. O chute no rosto, por exemplo, possuía o mesmo peso dado ao chute simples no tronco, servindo apenas aos critérios de desempate. Os treinadores passaram, dessa forma, a priorizar os movimentos semicirculares diretos, duplos e triplos.

      Mas isso foi modificado a partir de 2002, quando o chute no rosto passou a valer dois pontos. Pouco depois aumentado para três ou quatro pontos dependendo da complexidade da técnica.

      À medida que o tempo foi passando e a esportivização do taekwondo se organizando, a Federação Mundial – atendendo demandas do Comitê Olímpico Internacional de preservação ao máximo da integridade física do agora atleta – orientou que a arbitragem deferisse pontuação no rosto quando um simples toque com qualquer parte do pé atingisse o protetor de cabeça. Tentava-se com isso diminuir, nas Olimpíadas, os nocautes que ocorreram nas edições anteriores.

      Veja o momento final da disputa da medalha de Ouro nas Olimpíadas de 2004, entre Grécia e Coreia, no peso-pesado: https://www.youtube.com/watch?time_continue=55&v=fFoncXVCdwA

      Paralelo ao glamour de se ter o taekwondo nos Jogos Olímpicos, as atenções do mundo das artes marciais, passava a se voltar fortemente para o MMA e os combates entre grandes lutadores de Jiu jitsu, Wrestling e Muai Thay.

      Mestres e professores de taekwondo, no entanto, continuavam apostando no crescimento da modalidade apoiado na transformação da arte marcial em esporte. Mas isso não aconteceu.

      O taekwondo já esteve presente em quatro Olimpíadas e o retorno em número de alunos matriculados nas academias, pelo menos no Brasil, em vista do que se esperava, foi muito ruim.

      Contraditoriamente, o taekwondo está bem mais conhecido hoje do que há 30 anos. Todavia, aos olhos da imprensa e da sociedade, a modalidade não passa de um esporte de pouca eficiência marcial.

      Muitos que conhecem, acreditam, por exemplo, que os braços e os punhos não são utilizados.

      Portanto, o taekwondo olímpico, apesar de conferir, a quem treina em alto rendimento, técnicas inigualáveis de chutes, precisa aparecer novamente à sociedade como arte marcial eficiente, para estabelecer definitivamente o entendimento de que o taekwondo olímpico desportivo é parte integrante do taekwondo arte marcial.

      Autor do Texto: Marcus Rezende é 6° dan de Taekwondo, comentarista do Taekwondo pelo canal SporTV nas Olimpíadas de 2000 a 2012 e escreve no blog Taekwondo Opinião.

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  2. Quando eu era bem mais novo curtia competição também. Já participei de algumas, mas com o passar dos anos fui valorizando mais a Arte Marcial. Mas dou o maior apoio a quem é atleta de competição, só não concordo com essa limitação de pensamento de alguns “lutadores” que pensam que Taekwondo é uma luta FRACA só de chutes. Muito obrigado meu amigo, pelo comentário.

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    1. O estilo TKD ITF criado pelo CRIADOR DO TAEKWON-DO. é tão pouco praticado hoje em dia... Infelizmente.

      Como é sabido, após discordar da posição do governo coreano de usar o Tae kwon-do como instrumento político, o CRIADOR DO TAEKWON-DO, GENERAL CHOI HONG HI mudou a sede da ITF de Seul para Toronto em 1972.

      E aí o governo coreano forçou todos os mestres que ficaram na Coréia, e os que já estavam fora divulgando o ITF para voltar à Coréia também tinham que aderir (Mestre Kim incluso) e assim formou a WTF.

      Taekwon-do TRADICIONAL é o ITF. Persiste muito bem obrigado até hoje e trabalha movimentos fundamentais, formas (Tul's), treinamento com acessórios, luta e defesa pessoal, que é a conclusão de qualquer arte marcial que se preze.

      Como eu citei o Tae kwon-Do possui uma MODALIDADE COMPETITIVA, o que mais poderia se assimilar ao conceito de 'esporte', mas ele é uma ARTE MARCIAL, usado dentro e fora do Dojang. E pra vida toda.

      TAE = Saltar, voar, chutar, destruir com os pés
      KWON = socar, destruir com as mão e punhos
      DO = Arte, Caminho, Método. Segundo a filosofia oriental o caminho construído pelos santos e sábios

      TAEKWON-DO é: técnica de combate *SEM ARMAS*, para defesa pessoal, envolvendo a habilidade do emprego de pés, mãos e punhos.

      Os outros, são outros.

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  3. po, queria praticar mais a parte marcial, mas na minha academia so pensam em competiçao...

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    1. O Taekwondo marcial é muito diferente do Taekwondo esportivo. Ele é uma arte marcial pura, onde o praticante faz treinamento de respiração, calejamento, técnicas de concentração e treinos de resistência. As lutas são feitas no estilo contato total, sem proteção e valendo chutes baixos, socos no rostos, quedas, estrangulamento e imobilização. O aprendizado no uso de armas brancas e armas de improviso também faz parte do currículo do aluno. Técnicas com arma de fogo também são ensinadas, mas nesse caso somente aos militares. O general Choi Hong Hi (considerado o pai do Taekwondo) e o Mestre Nam Tae Hi (nessa época coronel e seu braço direito) criaram o Taekwondo vizando ele com esses princípios citados.
      O Taekwondo marcial é usado pelo exército e policia Coreana.

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  4. Eu sei bem o que é isso, meu amigo. Passei quase minha vida toda buscando o lado mais marcial do Taekwondo e aqui cheguei até a postar matérias sobre isso. Mas não desanime não...converse com o professor e pondere sobre a possibilidade de vocês treinarem um pouco mais o lado marcial da arte. Caso isso não seja possível, procure um local que treine mais esse "lado". Mas vou logo avisando, infelizmente aqui no Brasil poucas são as academias que treinam esse "lado". Boa Sorte e obrigado pelo comentário. Ah! Seja nosso Seguidor!

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    1. Taekwondo Marcial e Taekwondo Olímpico

      Resumindo de forma bem didática a história do taekwondo, para em seguida adentrar em uma reflexão relativa à dualidade entre o taekwondo marcial e desportivo olímpico, poderíamos sintetizar da seguinte forma: idealizada em 1955 pelo general do exército coreano Choi Hong Hi, a modalidade nasceu com forte influência do caratê Shotokan, sendo acrescentado ao conteúdo programático, técnicas de artes genuinamente coreanas.

      Dessa forma, Choi formatou um estilo de luta em pé, na qual a velocidade e a plasticidade dos movimentos envolvendo saltos e chutes variados distinguiria o caratê coreano (como foi chamado nos EUA) das demais modalidades já existentes.

      O plano de Choi era formar instrutores e os enviar aos principais países da Ásia, Europa e América do Norte e Sul. E assim foi feito poucos anos depois.

      Chegando ao Brasil nos anos de 1970 os instrutores da modalidade abriram suas academias e trataram de levar o taekwondo às ruas, para que a população travasse contato com aquela nova forma de luta em pé, na qual saltos e chutes variados de enorme plasticidade os levassem a praticar aquele novo estilo.

      O sucesso foi imediato. As academias lotaram. Os giros e saltos, antes vistos somente nos cinemas e protagonizados por Bruce Lee e outras estrelas das artes marciais, bem como quebramentos de tijolos e telhas com os punhos, chegavam ao Brasil por meio do taekwondo.

      Naquela época, dizer que o praticante desta arte marcial fazia um esporte era quase uma heresia. O taekwondista daquela época se preocupava fortemente com o apuro técnico do movimento e, especialmente, com o fortalecimento das extremidades dos pés, pernas, mãos e braços.

      Porém, bem no início dos anos de 1970, um novo governo assumiu a Coreia e o criador do taekwondo era afastado dos poderes decisórios relativos à modalidade.

      Já assentado em alguns países importantes do mundo, um processo de esportivização do taekwondo foi iniciado com a criação da Federação Mundial, ao mesmo tempo em que federações nacionais também se formavam em todos os países que dispunha de instrutores coreanos.

      Regras então foram estabelecidas. Do confronto direto, foram retiradas diversas técnicas do aprendizado original. Socos no rosto, cotoveladas, joelhadas, chutes abaixo da cintura, ataques com as pontas dos dedos não poderiam ser aplicados nas competições sob pena de punição ou desclassificação.

      O único equipamento de proteção que o praticante poderia contar era com o colete de tórax feito de bambu cujo objetivo era evitar lesões mais sérias. Os protetores de cabeça, no entanto, só apareceram em 1987, em razão do histórico de lesões provocadas pela violência do impacto dos chutes. Também porque a não inclusão deste equipamento poderia traduzir-se em empecilho à chegada do taekwondo aos Jogos Olímpicos.

      Podemos inferir que o taekwondo passava a ser encarado como um esporte, visto que era cotado como nova modalidade Olímpica. As aulas dentro das academias passaram a ter um viés curricular diferenciado e bem mais voltado ao treinamento de competição.

      Para se ter uma ideia, o fortalecimento de dedos e extremidades das mãos praticamente foi banido do currículo. Poucas academias dispunham, por exemplo, de equipamentos voltados para isso. Treinamentos de cotovelada e joelhadas ficaram restritos a um programa curricular a ser apresentado tão-somente no momento em que se mudava de faixa. Movimentos de saltos, amiudadamente treinados nos anos de 1970, foram negligenciados em Escolas de Taekwondo mais voltadas para as competições.

      A proteção aos lutadores foi aumentando. Eles já adentravam à área de competição com coletes de tórax, capacete, protetores de pernas e braços e uma proteção genital.

      Autor do Texto: Marcus Rezende é 6° dan de Taekwondo, comentarista do Taekwondo pelo canal SporTV nas Olimpíadas de 2000 a 2012 e escreve no blog Taekwondo Opinião.

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  5. O estilo Songahm de Taekwondo, ou Taekwondo Songahm, é uma arte marcial criada pelo Grão-Mestre Haeng Ung Lee em 1983. Haeng Ung Lee aprendeu Taekwondo na International Taekwondo Federation (ITF) e criou as suas próprias fórmulas, ou pumsaes, que são conjuntos estabelecidos de movimentos numa luta contra um oponente imaginário. As técnicas utilizadas pelos praticantes são um pouco diferentes do estilo olímpico de Taekwondo, no entanto as regras são parecidas, podendo chutar o tórax e o rosto, mas não podendo socar este último.
    O estilo Songahm diferencia-se de outros estilos por incorporar treinamentos mais amplos, como defesa pessoal, armas, rupturas de madeira e programas especiais de acordo com cada praticante. Nas aulas, para além da luta competitiva, há treinos de defesa pessoal, projeções, torções e imobilizações. Para os cintos pretos, existe ainda a possibilidade de complemento dos conhecimentos com a aprendizagem do manuseamento de armas orientais. Dentre as armas treinadas no estilo, podem-se citar a Katana, Nunchaku, Bastão (Longo ou Curto), Tonfa (o popular cassetete), Facas, Kamas, entre outras.
    Existe o intuito de não limitar as técnicas somente às que são permitidas nas competições, formando um artista marcial mais completo.

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  6. Um estudo muito interessante conduzido por Michael E. Trulson, da Faculdade de Medicina da Universidade A & M do Texas, e publicado na revista Human Relations incluiu 34 adolescentes entre 13 e 17 anos que preenchiam critérios para delinquência juvenil na escala MMPI (Minnesota Multiphasic Personality Inventory).

    Os jovens foram separados em três grupos: um deles recebendo treinamento em Taekwondo Tradicional (meditação, alongamento, aquecimento, discurso sobre a filosofia da arte marcial, formas, lutas, defesa pessoal e meditação novamente), outro em Taekwondo Esportivo (alongamento, aquecimento, lutas, defesa pessoal) e um terceiro grupo foi usado como controle — tinham os mesmos três encontros semanais, com o mesmo instrutor, mas realizavam somente alguma atividade física não relacionada à arte marcial. TODOS os jovens incluídos permaneceram no estudo durante os seis meses previstos — foram informados que seriam denunciados pelos seus atos de delinqüência caso abandonassem o treinamento antes deste prazo!

    Todos os adolescentes foram avaliados pela NMPI — e pontuavam o suficiente para serem considerados delinqüentes juvenis. Além disso, foram submetidos a dois testes que mediam agressividade (Navaco 1975, Nosanchuck 1981) e responderam o JPI (Jackson Personality Inventory). De acordo com a idade e a pontuação nas escalas e testes aplicados, foram randomizados para os três grupos — 15 jovens receberam treinamento tradicional, 11 receberam treinamento esportivo enquanto 9 formaram o grupo controle.

    Todas as testagens foram repetidas após seis meses, encontrando mudanças bastante positivas no grupo I, negativas no grupo II e ausência de mudanças significativas no grupo III. Os adolescentes do grupo TaeKwonDo Tradicional ao final de seis meses deixaram de ser considerados delinqüentes (MMPI), apresentaram níveis de agressividade abaixo da média e ainda mostraram surgimento (ou fortalecimento) de características positivas de personalidade (JPI). O grupo que recebeu o treinamento Esportivo por outro lado mostrou, em comparação com o início do estudo, tendência ainda maior para a delinqüência, aumento dos níveis de agressividade e no geral o oposto do observado com o grupo I com relação à personalidade (JPI). O grupo controle por sua vez não apresentou mudanças estatisticamente significativas em nenhuma das comparações.

    Pode-se afirmar, a partir dos dados publicados, que não basta ocupar o tempo dos jovens, nem mesmo oferecer uma figura de autoridade ou uma atividade física. O desenho do estudo permitiu afastar essas possibilidades, já que todos os grupos tiveram o mesmo uso de tempo para suas atividades específicas, todos os jovens tiveram contato com o mesmo instrutor (que não mudou seu “jeito de ser” para cada grupo!), e todos os grupos incluíram atividades físicas variadas.

    Ao contrário da arte marcial esportiva, onde o objetivo é a vitória, a arte marcial tradicional valoriza o respeito, o crescimento e o treinamento diligente — muito mais importante é vencer seus próprios “demônios” que o resultado de um combate. Além disso, cada treino começava e terminava com uma breve sessão de meditação — que sabemos ser importante método de ampliação da autoconsciência, além de reduzir níveis de ansiedade e impulsividade.

    Compartilhamos da preocupação do autor acerca da proliferação de escolas de artes marciais modernas — se é que esportes de competição podem ser classificados como artes marciais — que parecem possuir o potencial de piorar a conduta, a agressividade e mesmo despertar traços negativos da personalidade de crianças e adolescentes, especialmente aqueles com uma tendência à delinqüência.

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